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Manual

Como aceder ao capital de risco

Índice

Introdução
Passo 1 - Conhecer os conceitos-base
Passo 2 - Conhecer as formas de actuação
Passo 3 - Elaborar um plano de negócios
Passo 4 - Apresentar o plano de negócios a potenciais SCR
Passo 5 - Estudar a viabilidade económica
Passo 6 - Efectuar a negociação final

Introdução

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O capital de risco é um instrumento financeiro que consiste na participação temporária e minoritária de uma Sociedade de Capital de Risco (SCR) ou de um investidor individual (business angel) no capital social de uma empresa. Trata-se de uma entidade que toma parte nos riscos do negócio, disponibilizando fundos e tornando-se sócia ou accionista da empresa financiada. É preciso não confundir capital de risco com endividamento. Num empréstimo, os financiadores têm direito a juros e reembolso do capital quer o negócio tenha êxito ou não. No capital de risco, os investidores ficam sujeitos à performance financeira do negócio. Para muitos empreendedores, o recurso ao capital de risco é a primeira experiência com um investidor externo que partilha a gestão da empresa. De resto, a relação empreendedor/SCR é um tema que tem sido muito debatido. Para uns, a participação na gestão deve ser reduzida, para outros essa participação deve ser incrementada através de um maior apoio à gestão. Esta pode ser uma das explicações para o facto de as empresas ainda recorrerem em primeiro lugar ao crédito. Ora, isto implica a existência de ideias pré-concebidas acerca desta parceria. Assim, o capital de risco não é:
  • Um incentivo a empresas em dificuldades. Ou seja, o capital de risco não é a "tábua de salvação" para os problemas decorrentes da má gestão do negócio, entre outros factores;
  • Um subsídio a fundo perdido. A ideia de que o capital de risco é uma espécie de subsídio atribuído sem necessidade de remuneração não é correcta. O que se estabelece é uma parceira entre empresa e SCR que vai muito para além do financiamento;
  • Uma forma de apoio financeiro. O seu objectivo não é "injectar" capital na empresa, mas sim, aproveitá-lo para delinear uma estratégia de revitalização que passa por todos os sectores envolvidos.

Vantagens

O objectivo do capital de risco é a valorização do negócio. Daí que esta relação entre investidor e empresa deva ser encarada como uma parceria na qual as partes têm objectivos comuns. A entrada de um capitalista de risco pode ser fonte de várias vantagens para a empresa, tais como:
  • Aconselhamento à gestão;
  • Sugestões para o desenvolvimento do negócio;
  • Implementação de sistemas de informação
  • Estabelecimento de canais de contacto nacionais e internacionais para estabelecimento de parcerias, joint-ventures ou transferência de tecnologia.
  • Possibilidade de elaborar a estratégia futura da empresa sem afectar a gestão corrente.

Passo 1 - Conhecer os conceitos-base

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O Capital de Risco é um recurso disponível a um empreendedor que pretenda redireccionar o negócio ou implementar uma nova estratégia de desenvolvimento. No fundo, é um importante instrumento de financiamento para PME, pois ajuda à sua modernização e reestruturação, com benefícios ao nível da competitividade e rendibilidade. No Capital de Risco existem três tipos de investidores:
  • Venture Capitalists, essencialmente sociedades cujo objectivo é participar no capital de outras empresas para obter mais-valias com a posterior alienação da participação adquirida;
  • Business Angels, investidores que actuam por conta própria. O seu capital proporciona baixas taxas de financiamento nomeadamente a projectos de seed capital e start-ups;
  • Corporate venturing, investidores (normalmente empresas), que realizam investimentos em empresas que encaixem nas suas estratégias, e que acabam mais tarde por pertencer aos respectivos conglomerados. Note-se que este caso é um pouco diferente dos anteriores já que a participação não é adquirida para uma posterior alienação, com mais-valias, mas é uma aquisição estratégica.
Além destes existem ainda entidades como a Firsttuesday, que promovem o contacto entre investidores e empreendedores, e que podem ser também uma alternativa. Trata-se de uma rede de 49 cidades em 29 países que junta os principais intervenientes no sector tecnológico: os empreendedores e os financiadores.

Passo 2 - Conhecer as formas de actuação

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A par das Sociedades de Capital de Risco, existem também os Fundos de Capital de Risco (FCR) e os Fundos de Reestruturação e Internacionalização Empresarial (FRIE), geridos por empresas de capital de risco.
  • Sociedades de Capital de Risco: Têm como principal objecto o apoio e promoção ao investimento e à inovação tecnológica em projectos ou empresas através da participação temporária no respectivo capital social. As SCR podem ainda prestar assistência na gestão das sociedades participadas assim como realizar estudos de viabilidade de empresas, projectos de investimento, condições e modalidades do respectivo financiamento.
  • Fundos de capital de risco: Trata-se de uma modalidade de fundos de investimento mobiliário cuja principal característica é o de que o seu património deverá ser preferencialmente composto por quotas de capital e acções e obrigações não admitidas à cotação na Bolsa. O património dos FCR destina-se a ser investido na aquisição de participações no capital de sociedades não cotadas em Bolsa.
  • Fundos de Reestruturação e Internacionalização Empresarial: O seu principal objectivo é as empresas que pretendem desenvolver um processo interactivo de reestruturação ou internacionalização. São fundos de investimento mobiliário abertos. O seu património destina-se a ser investido na aquisição de participações no capital de sociedades que pertençam a sectores declarados em reestruturação por resolução do Conselho de Ministros, contribuam para o reforço da competitividade da economia nacional e da eficácia empresarial e estejam envolvidas na concretização de investimentos directos no exterior.

Passo 3 - Elaborar um plano de negócios

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A proposta de negócio necessita de ser promovida junto do potencial financiador e parceiro. A elaboração de um plano de negócios é fundamental para:
  • Apresentar o projecto,
  • Dar credibilidade e visibilidade às pessoas que o propõem,
  • Demonstrar a sua rendibilidade.
O plano fornece imediatamente uma primeira aproximação da qualidade da gestão, factor essencial para atrair a confiança do capitalista de risco. Por isso, deve ser preparado pela gestão da empresa embora a possibilidade de participação de consultores externos seja uma hipótese a ponderar. Essencialmente, o plano deve:
  • Cobrir áreas como a gestão económica e financeira, uma vez que estas serão o enfoque fundamental de uma futura parceria;
  • Prever os riscos inerentes ao negócio, para diminuir ao mínimo a margem de insucesso;
  • Possuir uma estratégia de implementação delineada para poder ser rapidamente posto em prática e que proporcionam um crescimento rentável;
  • Descrever cuidadosamente o enquadramento da indústria, ou seja, definir o mercado em que a empresa opera, perspectivas, desenvolvimento, enquadramentos da empresa, principais competidores, quota de mercado e posicionamento.
Assim, os elementos essenciais que não podem nunca faltar num plano de negócios são:
  • Características do produto ou serviço a lançar,
  • Necessidade do mercado que os produtos ou serviços vêm preencher,
  • Posicionamento do produto no mercado nacional e possibilidades de internacionalização,
  • Vantagens competitivas,
  • Linhas mestras que levarão à rendibilidade do projecto,
  • Equipa de gestão,
  • Documentos financeiros previsionais e indicadores.

Passo 4 - Apresentar o plano de negócios a potenciais SCR

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O plano de negócios deve ser apresentado a algumas SCR previamente seleccionadas e que se aproximem das características da empresa proponente. As SCR são representadas pela APCRI - Associação Portuguesa de Capital de Risco, pelo que esta poderá ser uma entidade a consultar.

A proposta é cuidadosamente analisada e estudada. Toda a equipa que elaborou o plano deve estar preparada para o apresentar. A prioridade agora é contactar a SCR, entregar cópias do plano e aguardar. Trata-se de uma decisão importante, em que a SCR vai analisar três pontos-chave:
  • Potencial de crescimento;
  • Vantagens competitivas;
  • Remuneração financeira em função do risco.
Partindo do princípio de que há um parecer positivo, o proponente deve preparar-se para apresentar o seu plano de negócios. Aqui, aplicam-se todas as técnicas para fazer apresentações públicas, junto das SCR ou de investidores individuais, os business angels. Alguns pontos são essenciais:
  • Não fazer uma exposição demasiado longa,
  • Ter um conhecimento perfeito do negócio,
  • Dar uma imagem de confiança mas não de arrogância,
  • Responder a todas as perguntas.
Se a apresentação correr bem, a discussão das condições da operação deverá centrar-se no estabelecimento do valor do negócio.

Passo 5 - Estudar a viabilidade económica

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O próximo passo, que será o penúltimo antes da negociação final, vai estabelecer o valor da participação. É aqui que a SCR estuda a viabilidade económica, comercial e financeira do negócio. Nesta altura, são correntes as auditorias contabilísticas e os pareceres técnicos quando se trata de propostas para produtos ou processos inovadores. Ambos têm como objectivo a constituição de uma "segunda leitura" que pretende confirmar as informações do Plano e preparar a "base" do acordo sujeita à última fase deste processo. Assim, os potenciais investidores vão recorrer a uma série de especialistas e consultores para avaliar os mais variados elementos da proposta:
  • Aspectos legais (contencioso, garantias, cauções, autorizações, licenças, patentes, etc.)
  • Aspectos financeiros (fundos necessários, endividamento, fundo de maneio, necessidades de tesouraria, etc.).
  • Aspectos ligados à produção (equipamentos, sub-contratos, logística, etc.)
  • Aspectos ligados à propriedade (repartição do capital, estatutos, privilégios, etc.)
  • Aspectos de gestão (condições de mercado, marketing, força de vendas, gama de produtos, etc.)
  • Etc.
Refira-se que aqui são possíveis várias formas de actuação do financiador. Frequentemente não se trata somente de vender uma participação no capital da empresa a criar, mas de estabelecer uma relação. Vale a pena indicar dois instrumentos:
  • Acordos para-sociais: acordos negociados que estabelecem claramente os direitos e deveres das duas partes, os financiadores (SCR ou business angel) e os empreendedores. Estabelecem-se as condições caso a caso, que têm que ver com:
    • Termos de entrada, permanência e saída da SCR, onde se definem os timings para a colaboração conjunta de empresa e SCR.
    • Distribuição de lucros. É preciso não esquecer que uma SCR participa efectivamente nos ganhos e perdas da empresa. Este é um ponto fundamental que deve ser cuidadosamente analisado.
    • Apoio financeiro e técnico. Há casos de empresas que requerem o apoio mais experiente de uma SCR na gestão financeira e técnica. Os moldes em que essa colaboração é feita devem estar perfeitamente definidos.
    • Eleição e composição dos corpos sociais. Como foi referido anteriormente, muitas empresas decidem incluir as SCR nos seus corpos sociais. Este é um ponto fundamental, uma vez que é através dele que a parceria se vai efectivar.
    • Definição da estratégia empresarial a adoptar. A empresa pode ter delineado uma estratégia não condizente com o recurso ao capital de risco. Logo, toda a estratégia deve ser definida em parceria, o que também é uma consequência das alíneas anteriores.
  • Acções preferenciais: são acções que dão aos seus titulares preferência na distribuição de dividendos.

Passo 6 - Efectuar a negociação final

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Com todos os elementos em mão, chega a fase da negociação propriamente dita. Se todas as etapas anteriores se tiverem passado bem, ou seja os elementos técnicos tiverem sido elaborados de forma profissional e com boa-fé de ambos os lados, esta fase pode ser rápida e relativamente consensual. Em face de tudo o que foi analisado, é possível chegar a um acordo que satisfaça todas as partes envolvidas. É preciso não esquecer que se trata do estabelecimento de uma parceria e, assim, uma relação de confiança é essencial. Na fase da negociação final é importante ser aberto, cooperativo e flexível, nomeadamente quanto às condições de participação.

Um empreendedor que decida avançar para o capital de risco e que não tenha em conta estes e outros itens pode enfrentar sérios problemas na gestão e na condução da estratégia empresarial do negócio. O capital de risco implica uma relação de trabalho conjunta com uma SCR e a mentalidade empresarial talvez esteja ainda um pouco "fechada" a este nível, o que a leva a encarar o capital de risco com algumas reservas. Talvez seja por isso que a maior parte das empresas ainda prefira o endividamento a médio e longo prazo como forma de financiamento.

Bibliografia
  • Banha, Francisco; Capital de Risco - O Impacto da Fiscalidade; Edição Vida Económica, 1998.
  • Banha, Francisco; Capital de Risco - Os Tempos estão a Mudar; Bertrand Editora, 2000.
Referências
  • APCRI, Associação Portuguesa de Capital de Risco: www.apcri.pt
  • European Venture Capital Association, www.evca.com
  • Gesventure, Desenvolvimento de novas tecnologias, Lda., www.gesventure.pt
  • IAPMEI - www.iapmei.pt
  • Firsttuesday - www.firsttuesday.com

Autor: PME Negócios

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