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Manual

Como implementar um sistema de just-in-time

Índice

Introdução
Ponto 1 - Princípio do Just-in-time
Ponto 2 - As doze regras do Just-in-time
Ponto 3 - Meios necessários para mudar para o Just-in-time
Ponto 4 - Como mudar para o Just-in-Time
Ponto 5 - Vantagens e desvantagens do Just-in-time

Introdução

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O termo Just-in-time entrou no vocabulário da gestão na década de 80 e, hoje, já são poucos os gestores que não ouviram falar deste método de gerir as existências. Mas o que poucos responsáveis conhecem verdadeiramente são as condições de implementação deste sistema na empresa. É que o Just-in-time é muito mais do que uma técnica de controlo ou um sistema para gerir - e reduzir ao mínimo - os stocks. Alguns autores consideram mesmo o Just-in-time como uma filosofia industrial global. Em termos muito simples, trata-se de um método que visa eliminar todas as fontes de desperdício, eliminar tudo o que não acrescenta valor à empresa. Conseguir ter um volume de stocks zero é talvez o efeito mais visível mas não é o único. Convêm, assim, começar por indicar que só se pode implementar com sucesso uma filosofia Just-in-time na empresa se forem resolvidos os problemas seguintes:
  • Lay-outs pouco eficazes,
  • Fornecedores pouco fiáveis.
  • Avarias frequentes das máquinas,
  • Problemas de qualidade,
  • Mudanças de série longas.
Frequentemente, o Just-in-time é associado a um princípio de organização destinado à grande indústria, que só faz sentido em grandes unidades de produção. Mas esta técnica de gestão nada tem a ver com séries de produção repetitivas nem longas mas sim com prazos reduzidos e com produção de pequenas quantidades, Assim, esta é uma técnica de gestão perfeitamente adaptável às Pequenas e Médias Empresas industriais.

Ponto 1 - Princípio do Just-in-time

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O Just-in-time aplica-se tradicionalmente a empresas industriais, que transformam matérias-primas em componentes, agrupados depois em subconjuntos e finalmente num ou em vários produtos finais. Assim, o princípio do Just-in-time pode resumir-se numa regra essencial, dividida em quatro fases distintas mas semelhantes: é necessário produzir e disponibilizar:
  • Os produtos acabados no momento exacto em que se tornam necessários para a venda;
  • Os subconjuntos no momento exacto em que são necessários para a montagem dos produtos finais;
  • Os componentes no momento exacto em são precisos para a montagem dos subconjuntos;
  • As matérias-primas no momento exacto em que vão ser utilizados para a fabricação dos componentes.

Ponto 2 - As doze regras do Just-in-time

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Para conseguir implementar com sucesso esta técnica de gestão na empresa, é importante respeitar algumas regras básicas mas por vezes esquecidas:
  • Só produzir o que é pedido pelo cliente e só quando ele o pretende, e portanto não constituir stocks, sejam de produtos acabados ou intermédios em qualquer altura.
  • Ter prazos de fabricação curtos
  • Dispor de uma grande flexibilidade, de forma a poder responder rapidamente a alterações no mercado.
  • Fabricar pequenas quantidades de cada tipo de peças, subconjuntos ou produtos finais.
  • Conseguir efectuar uma rápida mudança de ferramentas e uma disposição das máquinas eficaz.
  • Só comprar as quantidades necessárias à produção que já foi pedida ou encomendada.
  • Dispor as máquinas e organizar a produção de modo a que se minimizem as esperas ou perdas.
  • Armazenar as matérias-primas e os produtos semi-acabados junto dos locais onde são necessários, para evitar perdas de tempo e de eficiência no transporte.
  • Dispor de máquinas e ferramentas altamente fiáveis, de modo a que não se avariem no momento exacto em que são necessárias.
  • Controlar com muito rigor a qualidade das peças a serem fabricadas.
  • Só comprar as matérias-primas e os componentes que assegurem uma qualidade superior.
  • Empregar recursos humanos polivalentes e capazes de se adaptar a uma produção descontinuada.

Ponto 3 - Meios necessários para mudar para o Just-in-time

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Das regras anteriormente indicadas, decorre uma série de acções a tomar, numa primeira fase, para começar a preparar a empresa para a implementação desta técnica de gestão. A saber:
  • Simplificar e optimizar: Antes de sequer começar a pensar em implementar um tipo de gestão Just-in-time na empresa, é necessário repensar toda a produção de modo a responder eficazmente aos pedidos dos clientes. A nova arrumação e lay-out da fábrica deverá ser flexível, responder a altos padrões de qualidade, evitar tempos de espera e responder rapidamente a alterações na produção.
  • Formar os recursos humanos: Este ponto é frequentemente esquecido mas é essencial para que a implementação do Just-in-time na empresa se faça com eficácia. A ideia é a de ensinar o pessoal a funcionar segundo novos moldes, com novos objectivos e segundo novas regras. A motivação só se consegue se for efectuado um trabalho atempado com todos.
  • Colaborar com os fornecedores: Os fornecedores são sempre uma peça chave no desempenho da empresa. No caso do Just-in-time, a sua actuação é crítica. É preciso estabelecer novas relações com eles para que possam colocar as quantidades necessárias de matérias-primas ou produtos semi-acabados, com elevada qualidade, na altura certa. A relação com os fornecedores passará a assentar mais numa parceria que numa simples compra e venda. Só com o apoio destes é que se consegue uma passagem para o Just-in-time eficaz. É vantajoso para a empresa explicar o seu processo e os seus objectivos aos fornecedores para que estes possam colaborar com ela. É também mais fácil tratar com um número menos extenso de fornecedores.
  • Colaborar com os clientes: Também é útil que os clientes possam colaborar com a empresa que funciona no regime de Just-in-time. A empresa pode pedir-lhes, por exemplo, ajuda de forma a estabilizar a carga da produção, combinando com eles um programa de entregas. Além disso, é sempre vantajoso para a empresa fazer passar a mensagem aos clientes do aumento de qualidade conseguido.
  • Conceber a produção em novos moldes: Funcionar em Just-in-time represente para a empresa uma alteração profunda das suas práticas. Toda a organização da empresa deve assim ser modificada para responder mais eficazmente. A disposição funcional das actividades deve ser substituída por linhas de produtos, todo o trabalho de gestão de stocks de produtos finais ou intermédios deixa de fazer sentido, podendo a empresa colocar estes funcionários a fazer outras tarefas, etc. Refiram-se três aspectos essenciais:
    • A planificação deixa de ser feita em função de projecções de vendas, sempre falíveis, e passa a ser efectuada com base em encomendas firmes.
    • Já só é preciso calcular as necessidades a curto prazo, sendo inútil avaliar com precisão as necessidades a longo prazo.
    • Passam a ser desnecessárias várias funções: controlo de stocks, stocks intermédios, as ordens de fabricação, controlo da produção, cálculo dos custos.

Ponto 4 - Como mudar para o Just-in-Time

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Haverá sempre várias formas de uma empresa mudar a sua produção para começar a aplicar um sistema Just-in-time. Uma estratégia possível é um processo que se divide em dez passos:
  • 1 - Obter a aprovação e o apoio da gestão de topo: é necessário que os dirigentes máximos da empresa estejam conscientes do que significa mudar para o Just-in-time, em termos de custos, de benefícios e de alteração da estrutura da empresa.
  • 2 - Elaborar um plano de implementação realista e compreensível
  • 3 - Convencer os trabalhadores: para esse efeito é necessário dar formação, incentivar a participação de todos, nomeadamente através de círculos de qualidade, e fornecer uma liderança forte.
  • 4 - Na linha de montagem final: estabilizar a produção para que os outputs finais por dia sejam sempre idênticos. Para isso será necessário usar caixas ou outros contentores com peças estandardizadas e facilmente acessíveis, segundo o sistema Kanban.
  • 5 - Nas fases intermédias: reduzir os tempos de espera e o tamanho dos lotes nas várias fases de produção de forma a que correspondam exactamente às quantidades necessárias para a fase final de produção.
  • 6 - Eliminar o inventário do armazém principal e colocá-lo junto da linha de montagem, no local onde as peças são necessárias.
  • 7 - Equilibrar os ritmos de fabricação com os ritmos de montagem final. Isto pode implicar repor algumas peças que faltem; um stock mínimo pode assim ser necessário nesta fase.
  • 8 - Prever espaço livre em todas as áreas ou secções: se houver falhas, será necessário ocupá-lo, com peças ou outras máquinas ou ferramentas, para assegurar a produção e recuperar o tempo perdido.
  • 9 - Colaborar com os vendedores de forma a que o ritmo de entregas se identifique com o ritmo de produção.
  • 10 - Eliminar o inventário que se justificava para gerir a produção a longo prazo e as variações da produção.

Ponto 5 - Vantagens e desvantagens do Just-in-time

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A principal vantagem do Just-in-time deriva directamente da sua definição: reduzir os custos, essencialmente por três vias:
  • Redução de stocks: já não é necessário disponibilizar um espaço e recursos humanos para tratar dos aprovisionamentos.
  • Redução de tempo: o mesmo nível de produção pode ser atingido em menos tempo, o que permite evitar horas extraordinárias e/ou aumentar a produção face a um aumento pontual da procura.
  • Aumento da qualidade: Sendo o output final de maior qualidade, evitam-se custos com peças ou produtos defeituosos além de ser um excelente argumento de venda, reforçando a presença no mercado.
A maior desvantagem deste sistema é a que decorre de incertezas na envolvente da empresa. Se algo não funcionar bem, e o exemplo de uma greve nos transportes é a mais evidente, tudo pode ficar parado. Por isso, algumas empresas, além de um sistema de Just-in-time, mantêm também o "just in case", algum stock de segurança que permitirá evitar perdas no caso de problemas com a envolvente, nomeadamente os fornecedores.

  Bibliografia
  • Schroeder, Roger G.; Operations Management; McGraw-Hill; 3ª Edição; 1989
  • Russomano, Vítor Henrique; Planejamento e Controlo da Produção; Pioneira; 6ª Edição; 2000
  • Marques, Ana Paula; Gestão da Produção; Texto Editora, 4ª Edição, 1998

Autor: PME Negócios

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